14/02/07

é essa a vantagem de ser criança...

...não dever ser, apenas sonhar ser!!!

novelos

há vezes que às vezes que as palavras que tropeçam em nós
que estendem atravessadas que tropeçam atordoadas que ficam ali
que ficam ali.
há vezes que menos vezes nos apetece pegar, antes deixar
que acordem, que chorem tudo, que lhes peguemos, que chorem tudo
que a idade que as torna redonda, que as adorne de significado,
que as beije, a idade.

há vezes que às vezes as palavras nos enrolam
que nos estatelam que nos deixam que ficam ali,
que ficam ali.
há vezes que tantas vezes que não nos deixam que nos peguem, que nos cerquem
que acordemos, e choro tudo, que nos tomemos, e choro tudo,
aos encontrões, aos atropelos, aos novelos atropelos,
que me beije, a idade.

e traz água, portanto porquanto,
e tenho saudade no entanto,
que me beije, a palavra, que tropeço no novelo
destreinei-me, que fico aqui
que fico aqui.

(a partir de patrícia leitão)

03/02/07

sou ladrão

ladrão de contos, de ideias,
ladrão de medos, de cadeias,
liberto palavras, desfiadas
sou ladrão de palavras desfiadas

cumplice

não se falam, a cumplice
não se dizem, o cumplice
calaram-se e pronto, não se gritam
não se voam, não se ouve
não se vê, sentem-se e distam
(a partir de isabel rodrigues)

o desconhecido...

queria encontrar-te, queria te ver
dessa mesma desse tão pouco que tarda
essa sombra esse rasto esse querer
queria encher-me de um pouco desse nada
queria tirar este nada que guardo em mim
queria tirar o desconhecido que há de ti
encontrar o desconhecido que fugiu assim
queria qualquer coisa que agora não me vem
e que tem, um pouco mais, esse que tarda.
(a partir de joana soares)

"hands away"

encosta a cabeça, deixa tudo o resto
encosta-te para trás, nao penses mais,
ja passou, mais um dia mais uma onda
mais uma linha curva turva muda
encosta a cabeça, fecha os olhos
que em molhos, que em tais
has-de voltar aos pedaços...
(a partir de patricia leitão)