28/06/07



















uma estrela
que cai
do ocidente
pé ante pé
cadente, diferente
numa terra
que se levanta
pé ante pé
diferente


26/06/07

vertigem (outra)

do outro lado do tempo, do vento
a janela já nao projectava a luz da vela
em cima, a espreguiçadeira já no chão,
a cor da parede já caira
fazendo chuva de memórias, de cascas viajantes
a portada fechou, a telha alberga o pó,
as paredes, o tempo, o vento...

23/06/07

enquanto a cadeira
espera
pelo corpo
que espera
pela voz
que espera
pela cadeira
encorpada
esperada.

14/06/07

demiolando a sete pés

as vezes apetece-me fechar o mundo numa gaveta. E fecha-la, a sete chaves. uma duas três quatro quatro seis sete chaves. As vezes apetece-me comer palavras repetir colar por cima, por cima. Sem pensar. E pregar, pregar as ripas da madeira da gaveta das chaves do mundo a sete pés. E ouvir vozes, zumbidos estridentes, gritos colectivos, disformes, por entre as ripas, alheias do mundo, da água que vai gotejando humedecendo a gaveta secando-se a si mesma, dos fósforos acendidos ardidos enegrecidos caidos no meio do forro que não queimou, por agora. Já não cansa as vozes, já não cansam. E se passar verniz? Tapa poros, tapa jorros tapa desabamentos de pó luz e água... assim não cai. Hermeticamente engavetado.

As vezes apetece-me fechar o mundo a sete dedos, e deixar três de fora. Um dois três quatro quatro, desenhar no ar uma bola e sussurrar o que está bem ou assim assim, e a água e o fósforo, sussurrando a mil à hora... e abrir os dedos, os sete e os três, e o mundo dos sete pés. um dois três quatro quatro seis sete. ou contar até vinte e quatro, ou cinco. E se meter fita cola? Não vá os dedos tece-las. Fita dupla, para colar dos dois lados, e não fugir, não dançar... assim nao sai. um dois três quatro quatro seis sete, endedados, e os outros três

As vezes apetece-me desmiolar sem semântica sem gramática sem sujeito predicado sem ponto e vírgula uma anarquia. Ou contar até cinco.

05/06/07

you're swimming charlie, you're swimming...