24/03/07

saída de emergência copy paste

mas continua lá continua já continua
o monstro partiu lá fugiu de medo já fugiu de medo
o dia galgou a montanha lá a montanha continua
o óleo quebrou do umbral de madeira de cedro de medo
o menino das asas do pássaro da cama
continua lá continua em encantamento
o dia já canta o galo já canta o umbral lá canta
o pássaro já pássaro o pássaro lá voa o pássaro lá voa
o homem já solto das amarras já canta das amarras lá canta
uma saída de emergência da ainda montanha do lá pensamento

21/03/07

a grande nação

do outro lado da claridade um bater de asas
no gotejar da cor, o virar da dor-que-não-para
no virar do dia, o virar da idade
no outro lado de esguia, o momento, o calor
no outro lado, uma borboleta, um sofrimento

(em dia-de-anos-de-uma-borboleta)
(em dias-de-ano-de-bater-doloroso)

11/03/07

o relógio-da-borracha-que-apaga

o tempo da borracha
foge saltita, ele foge, que apaga
dedo a dedo, não te mexas, ele foge não procures
não te cales, escolhe a parede, não escutes
espalma a mão, alinha a palma, que eu não
pinta, a cor de novo que o tempo não encontro,
pinta e esconde a parede que a borracha apaga,
que de novo, não encontra
mais uns minutos, e é um novo tempo,
que hoje desenhou.

é uma métrica fonética que desenha o que se ouve
é uma métrica que o desenho apaga o que nunca houve.

o poço seca, as moedas morrem, a gruta escurece
saltita, medo a medo, não te mexas, espera que a noite venha
a linha cose-te, a linha estanca-te, espera que a borracha chegue
num-caminhar-que-não-para-no-relógio-da-borracha
num-excerto-que-descansa-te-que-aninha-se-entrelinha-se
que se num excerto que ainda a linha encara
que se alinha a mão, que se espalma a linha
que apaga de novo,
que se mexe o ponterio, apaga que ele foge
hoje, hoje,

acorda...

(a partir de thom yorke)

03/03/07

rolam sonhos pelo chão

fugidios palmilham cada sulco de chão,
cada pedaço de perdão, ou não, ou então,
cada canto cada sombra, cada toque de abrigo,
o sonho antigo, guardado a dornado...

e cruzam-se vivem-se mesmo que fugidios,
vivem-se riem-se, juntos lado a lado,
digo eu...

fugidios palmilham cada sulco de chão,
esses sonhos...
e caem, caem mais,
pelos lados da cama,
pelos laços pelos fios do sono,
do sonho teu...
digo eu.

(a partir de sara costa)

01/03/07

will you be my man?

entre linhas entre caladas
entre silêncios sussurrados
entre olhares respirados
entram em ti, objectos voadores
criadores, moldados,
entre linhas entre caladas
entre silêncios...

hail to the thief

but i'm not

uma luz, tenda cor
um abrigo cerco retiro
uma gota, gota a gota o quê
emparedado o ardor
esgaravatar continuamente mente
menos dor menos mente ente
menos luz, menos cor
mais calor mais temor
gota a gota alguma coisa
terra a terra, mas não eu
chuvisco granizo ao ladrão
alguma coisa mas não eu
mas não eu não eu o quê


(a partir de lucinda lourenço)

ofélia

menina de cor fogo
ofélia repousa de chão
ou não, então,
de luz poeira,
de bate-chão, de bate-fogo
de bate-outro

de rodopiar tosco
cabelos livres, em tramas
à volta fosco,
em cor fogo,
que bebe o sumo
laranja, das chamas
(a partir de patrícia leitão)

ovnis de rua

de noite, antes que lumine
antes que rumine, antes que se findem
objectos, antes que voem
antes que se identifiquem, que se findem
na rua, no olhar, no bocejo do segundo
em linhas, em ondas, caladas, que se findem.
(a partir de patricia leitão)