31/01/07

cest la croix

"agora terei de me ausentar
para um terreno que já consigo pisar
sem cair ou me afundar
e onde o calor das chamas do Inferno é mais tolerável
e ate confortante"
patrícia.leitão

nao vejo a terra, por agora
quando for, por mim verei
um destino um terreno por ora
um olhar um pisar terei
sem cair ou afundar
ou tao pouco mergulhar
onde o calor das chamas
essas mesmas do inferno
nos aquecem as ganas
um estranho conforto de inverno
um conforto temporario
daqueles que se repetem
de tempos em tempos
de medos a medos
por ora, terei de me ausentar
para um terreno que já consigo pisar...

28/01/07

é de escrita que falamos

estou triste,
são coisas minhas, já passa
foi sempre assim, o rosto palmilhado
por sulcos de lágrimas abertos
ora para dentro ora para fora
ora logo ou sem demora
estou a pensar,
na vida na loucura
a eterna estrada sem procura
esta estranha caminhada
esta entranha sufocada
esta escrita que te falo
esta procura do tudo na busca do nada...
(a partir de guadalupe arruda)

26/01/07

que levas em teu regaço?

que levas em teu regaço?
levo dor levo amor
levo tudo que de tudo se perdeu
que são rosas em teu regaço?
sao rosas de ardor, de suspiro em desamor
sao rosas de temor, de suspiro desistido
que levas em teu ardor?
levo rosas de amor
levo tudo que encontro que não tenho
levo rosas levo dor

corpos (layer 26)

sei de uma certeza que se desfez
quando bateste a porta
e perdeu-se o ritmo

junto com o instrumento do teu corpo
e deixei de ouvir
a silenciosa melodia da alegria
que encerras em ti
(raquel figueiredo)

sei de algo que nunca soube
de uma porta que não se abriu
sei da ausência dum compasso
instrumento que nunca foi
sei da porta abri seguir
o compasso brotava o que dói
que nasceu a ruir.

(joel faria)

desejo em mancha de lágrima
estendido, perdido
em tela de alma
quando de palavras secares
escuta o meu corpo
e acha a tela manchada
(raquel figueiredo)

esse desejo em que te pinto
de cor fogo esgotado
da tela das cores te finto
nas palavras me acho achado
escuta o meu regaço
a mancha do fogo alado.

(joel faria)

25/01/07

a eterna corrida

Dessa tarde desse lado
levo comigo o gosto
de essencia abaunilhado
dessa doce sedução
de outra demencia tomado
sentemo-nos de palavras
sentir-nos-emos de amarras
dessas palavras que te falo
nós e da vida, desse travo
da essencia dessa corrida,
essa eterna, de um trago
dessa voz aquecida
pelo som de certo fado
decerto açucar abaunilhado
de uma certa lua tomado.
mas deixa mostrar-me,
pelas palavras, pelo toque
pela janela prostar-me
até que o dia me troque
de baunilha...

20/01/07

Dom Quixote

que não reza a lenda,
pois não seria católica por certo
que da fresta que da fenda
que da rocha ia combater
os pedaços que na mão pegou
que não reza que os usou
que dom Quixote por emenda
não chorou espreitou
que em arma fez da fenda
que não reza que não fez
entre os dois uma lenda...

19/01/07

janelas

estes cercos que me encontram
que me deixam e me empurraram
que a cerca que do nada gotejou
e os dedos que do nada me encontraram

Esta cerca do infinito me limita
esta alma dos teus dedos me arrasta
este eco que da cerca me tolera
este eu que dos dedos me afasta

Este ser que sentindo me tomou
em sentido que nao minto, me perdi
esses dedos que me tocam que eu sinto
estes dedos que me encontram que eu senti.

Onde estás?

escrever?
para de mim!!!
de para mim!!!
depara-me com isto, algo novo, o que?
paro, penso, descortino,
o que li escrevi, não importa.
quem sou eu? nem eu sei,
digo-te nada, conto-te talvez,
uma ou outra palavra que cresceu comigo,
que tomei do dicionario e contei como minha
como eu, como sou... palavras, traços escritos
desenhados, direitos em tumultos...
imagens sóbrias, turvas, estáticas arrastadas.
quem sou eu? nem eu sei.
Digo-te isto, conto-te uma coisa
de nada me vale, de nada nos vale,
as palavras não saem, fluem.
Nao sao nossas, nos apoderam...
Olho pela janela, nao te encontro.
Um breve reflexo na rua, não te vejo
Onde estou?

11/01/07

Sentindo Braga-Porto

Os teus dedos como janelas
Que se abrem numa vista demasiada cansada do meu corpo,
E sinto-as vazias no seu interior.
(Raquel)

Ao teu ser infinito, desde a luz e a humidade até ao limite da tua pele
(joel)

Até ao limite da tua alma
(eLisa)

A humidade no limite da minha pele
Faz-me escoar
De dedos que tocam mas não sentem
Dedos que não recordam que me perdem
(Raquel)

O gotejar do limite da minha pele
Faz-me ecoar, faz-me escoar
De dedos que tocam mas não sentem
De dedos que não recordam que me perdem
(Raquel)

acerca-me de ti essa humidade
acerca de tudo que do nada gotejou
os dedos que me tocam que eu sinto
os dedos que recordam que me encontro
(joel)