18/04/10

o poderoso rei de nenhures



















parti o meu coração, e atirei-o para longe
as minhas forças, usei-as contra mim
os meus dons, ignorei-os apenas
fechei-me em mim, de mãos, de punhos, assim.

e todas as gotas de humidade sequei-as,
ou deixei que o vento e o calor as levasse.
fechei-me assim, com a minha coroa, o meu ar
sem ao ar deixar os cacos, fosse alguém e os tomasse.

e agora batam-me, atinjam-me, escalpem-me,
deixem-me duas caras no arrasto, ambas de dor
deixem-me este reino imenso só meu,
de cacos, terra preta, o que for.

2 comentários:

patricia disse...

ser rei tem o seu quê de solidão
decidir tem o seu quê de indecisão

enfrentar tem o seu quê de coragem
recusar tem o seu quê de não

podem bater e escalpar
mas um rei tem de decidir sozinho se enfrenta ou recusa

(qualquer caminho terá sempre o seu quê de dor)


**

joel faria disse...

tudo isto tem o seu quê de vertigem :)